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Entrevista com a Professora Dr. Maria Cristina Abdalla.

10/02/2017

     Primeiramente gostaria de agradecer a Sra. Dra. Maria Cristina Batoni Abdalla Ribeiro pela colaboração e participar da entrevista para o site “Física com o professor Jardel”.

1.      Bom dia professora Dra. Maria Cristina Batoni Abdalla Ribeiro. Você poderia falar um pouco de sua formação acadêmica?

- Bom dia. Formação: 1) graduação bacharelado USP, SP. De 1973 a 1976 2) bolsista de iniciação científica do IAG em 1974 3) bolsista de iniciação cientifica da USP de 1975 a 1976 4) mestre em física nuclear em março de 1978 5) bolsista de doutorado DAAD na Alemanha de 1978 a 1980 6) bolsista de doutorado da Fapesp em 1981 7) Dra. em 1981 em Altas Energias 8 ) contrato Finep em 1981 na USP SP 9) bolsista pós doc CNPQ em 1982 na USP SP 10) bolsista CNPQ em Copenhague, Dinamarca, 1983 a 1984 no Instituto Niels Bohr 11) bolsista pós doc da Fapesp no IFT-Unesp 12) contrata na Unesp IFT em 1986 13) livre docente em teoria de cordas em 1991 14) bolsista de produtividade do CNPq nível 1 desde 1991 15) posição sênior no CERN de 1996 a 1998 16) aposentada desde 2012 9 livros, mais de 20 alunos orientados entre mestres e doutores, mais de 100 trabalhos publicados.

Complementando: a iniciação científica no IAG foi em astrofísica. O mestrado em física nuclear. O doutorado em teoria de Campos e a livre docência foi em teoria de cordas.

 

2.      O que levou a senhora a escolher a área da Ciência?

- O que me levou para a área de ciências foi a minha habilidade e gosto com a matemática. Inicialmente queria fazer matemática mas depois que entrei em contato com a física mudei de ideia.

 

3.      Suas pesquisas científicas têm ênfase na Teoria Geral de Corda e Campos e é uma teoria pouco discutida no ensino médio, atrelada principalmente pelos números reduzidos de aulas (nas escolas públicas são duas aulas semanais) e pela insegurança dos professores em abordar temas de Física Moderna. Gostaria de saber sua opinião a respeito dessa colocação.

- Eu diria que esse assunto é praticamente impossível de ser abordado no ensino médio. Os temas que podem ser abordados no ensino médio são: modelo padrão, relatividade restrita e alguns conceitos de mecânica quântica. Teoria de cordas tem uma dificuldade intrínseca porque ela foi proposta devido à incompatibilidade entre a mecânica quântica e a teoria geral da relatividade que são duas teorias difíceis de explicar para o ensino médio.

 

4.      Você tem dois filhos também físicos. Você teve influência na escolha das profissões deles ou a convivência desde cedo com a ciência têm despertado os interesses deles?

- certamente houve certa influência o fato de eu ser física, mas eu acho que o que mais contou foi a habilidade deles em matemática também. Até minha filha que é da área de humanas é boa em matemática e acabou indo para a área acadêmica da psicologia e se especializando em hipnose. A formação é o mais importante na escolha da profissão.

 

5.      Diante do cenário atual da crise política e dos casos de corrupção que o Brasil vem sofrendo nos últimos anos, muitos cortes e gastos com a educação básica foram reduzidos. Sobre sua perspectiva de pesquisadora e professora como isto afetará a formação e o engajamento de novos cientistas no país?

- A próxima geração de cientistas já está comprometida. Estamos há alguns anos com baixa nos investimentos em formação. A política de investimento em ciência fundamental foi um cosmético nos últimos 7, 8 anos. Eu julgo projetos há mais de 30 anos e nunca houve uma crise tão bem instalada como essa que vivemos. Fui avaliadora do portal do professor da MEC há mais de 15 anos e no ano passado ele foi extinguido sem justificativa. A gente sente um certo descontrole institucional e nada podemos fazer.

 

6.      A senhora publicou alguns materiais de divulgação científica. Dentre eles podemos citar o famoso livro “O discreto charme das partículas elementares” que posteriormente foi transformado em filme e gravado em DVD pela MEC e a TV Cultura. O que levou ou motivou à senhora a escrever obras destinadas ao público leigo e também para nós professores e aficionados pela Ciência?

- Quando estive no CERN eu participei do projeto que eles tinham chamado "open doors" ou "porte ouverte" que recebia o público em geral para conhecer as dependências do laboratório. Quando eu voltei para o Brasil eu e alguns colegas iniciamos o projeto "física ao entardecer" que visava dar seminários para leigos nas dependências do IFT. O primeiro seminário desse projeto foi o meu e já se chamava " O discreto charme das partículas" . Com o tempo virou livro porque a demanda para bibliografia era grande e não tínhamos nada em português.

 

7.      Bom está chegando ao final desta entrevista e gostaria de agradecer imensamente sua colaboração ao site “Física com o professor Jardel”. Para encerrar que mensagem a senhora deixaria para os estudantes do ensino médio e para aqueles que almejam seguir a carreira na área científica?

- Minha mensagem para os futuros cientistas é curta: foco, muito estudo, persistência e amar o que faz.

 

            Professor Me. Jardel Cardoso da Rosa.

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Partículas elementares
Bohr

Figura extraída do google.

Figura extraída do google.

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